14 a 16 de junho de 2016
Programa de Pós-Graduação em Sociologia/UFRGS e Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados (ILEA)
Carlos Hasenbalg recebe a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Presidente Lula em 2007 |
Não é exagero dizer que a publicação em 1979 do livro Discriminação e desigualdades raciais no
Brasil, de Carlos Hasenbalg, inaugurou um novo período no estudo das desigualdades
raciais brasileiras. Ao evidenciar que o racismo não é simples resquício do
passado escravista, e que a população de origem europeia ganha vantagens
materiais e simbólicas da discriminação racial contra negros, Hasenbalg mostrou
que o racismo não está fadado a desaparecer na ordem capitalista, como haviam
afirmado Florestan Fernandes e seus alunos. Ao demonstrar a continuidade da
desigualdade racial, Hasenbalg também reafirmou uma das conclusões centrais de
Fernandes e da Escola Paulista de Sociologia – que era falsa a ideologia da
democracia racial que havia sido promovida pelo governo brasileiro e por vários
intelectuais desde a época de Vargas. O livro de Hasenbalg chegou em um momento
oportuno, em que a ditadura militar estava gradativamente relaxando seu
controle sobre a esfera pública e um novo movimento negro estava emergindo. Ao
longo das décadas subsequentes, a pesquisa de Hasenbalg e de seus colaboradores
e estudantes, junto com o trabalho de um número crescente de outros pesquisadores
por ele influenciados, demonstraram a desigualdade racial em vários aspectos da
vida, como mortalidade, região de moradia, educação, ocupação e renda.
Hasenbalg e colaboradores, especialmente Nelson do Valle Silva, não se
contentavam em apontar as desigualdades; também pesquisaram os processos que as
produziam, mostrando o acúmulo de desvantagens sofridas por brasileiros negros
ao longo da vida. Este trabalho, em simbiose com a atuação do movimento negro,
levou a uma mudança de posição fundamental do governo brasileiro, que
reconheceu o racismo como problema grave do país e instituiu várias medidas de
combate ao racismo e à desigualdade racial, culminando no sistema de cotas
raciais e sociais nas universidades federais.
O propósito deste evento não é somente celebrar a vida
e obra de Carlos Hasenbalg, mas também debater o estado atual do conhecimento
sobre o racismo e a desigualdade racial no Brasil, e pensar coletivamente sobre
novas direções da pesquisa. Para este fim, convidamos pesquisadores representando
uma ampla variedade de disciplinas e abordagens. Além da Sociologia, estarão
representadas no evento as áreas de Saúde Coletiva, Ciência Política, História, Letras e Física.
Organizadores
Enio Passiani
José Carlos dos Anjos
Karl Monsma
Luciana Garcia de Mello
Link para inscrição de ouvintes que querem certificado
Simpósio Hasenbalg inscrições
Programação
As sessões foram gravadas. Veja junto ao título de cada sessão o link para assistir pela Youtube
Todas as sessões aconteceram no auditório do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados (ILEA), no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Campus do Vale, UFRGS, Porto Alegre
Terça-feira, 14 de junho
Antonio
Sérgio Guimarães (Sociologia – USP)
Desigualdades
e discriminações: à busca de mecanismos de retroalimentação.
Quarta-feira, 15
de junho
André
Luis Pereira (Sociologia – Instituto Federal Sul-rio-grandense)
Gestão
pública local e promoção da igualdade racial: apontamentos empíricos
Laura
Cecilia López (Saúde Coletiva – UNISINOS)
Raça,
gênero e corpo nas mobilizações políticas afro-latino-americanas
Marilis
Lemos de Almeida (Sociologia – UFRGS)
Caminhos
plurais de inserção juvenil: jovens entre políticas públicas, trabalho e universidade
13:30-15:30
A persistência das desigualdades raciais no Brasil
Assitir: A persistência das desigualdades raciais no Brasil
Assitir: A persistência das desigualdades raciais no Brasil
Carlos
Antonio Costa Ribeiro (Sociologia – IESP)
Raça
e mobilidade social no Brasil.
Karl
Monsma (Sociologia – UFRGS)
Como
o racismo aumenta a desigualdade social no Brasil: uma análise histórica
Elizabeth
Hordge-Freeman (Sociologia – Universidade do Sul da Flórida)
Flhas
de segunda classe: a adoção informal como escravidão moderna no Brasil
Marcelo
Tragtenberg (Física – UFSC)
Desigualdades
Raciais e Ações Afirmativas.
João
Feres Júnior (Ciência Política – IESP)
Ação
afirmativa: entre as relações raciais e a política pública
Luciene
Juliano Simões (Letras e CAAF – UFRGS)
Um
balanço dos dados de acesso e de diplomação na UFRGS: reserva de vagas e seus impactos
Edward
Telles (Sociologia – Universidade de Califórnia, Santa Barbara)
Pigmentocracias e o projecto sobre raça e etnicidade em América Latina (PERLA)
Quinta-feria, 16
de junho
10:00-12:00
Disputas em torno da identidade racial
Gabriele
dos Anjos (Fundação de Economia e Estatística Siegfried E. Heuser)
Missão
de brasilidade: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e a formação
da identidade nacional
José
Rivair Macedo (História – UFRGS)
Imaginação,
poder e cosmopolitismo na África subsaariana segundo Achille Mbembe
José
Carlos dos Anjos (UFRGS – Sociologia)
Uma
perspectiva minoritária das discriminações: religiões afro-brasileiras e
minorias
13:30-16:00
Carlos Hasenbalg e os estudos raciais no Brasil
Assistir: Carlos Hasenbalg e os estudos raciais no Brasil
Assistir: Carlos Hasenbalg e os estudos raciais no Brasil
Stephen
Bocskay (Letras – Universidade Federal de Pernambuco)
Narrando
o samba: teorizações a partir de Carlos Hasenbalg
Enio
Passiani (Sociologia – UFRGS).
Terra
estrangeira: a sociologia de Carlos Hasenbalg e o pensamento social no Brasil
Luciana
Garcia de Mello (Sociologia – UFRGS)
Raça
e política no Brasil: reflexões a partir de Carlos Hasenbalg
Márcia
Lima (Sociologia – USP)
O
legado de Carlos Hasenbalg para a atual agenda dos estudos sobre raça no
Brasil.
16:30-18:30 Mesa
redonda. O futuro dos estudos raciais no Brasil
Antonio Sérgio Guimarães
Márcia
Lima
Carlos
Costa Ribeiro
José
Carlos dos Anjos